Nelza Oliveira
Especial para DefesaNet
O convôo do Navio-Aeródromo “São Paulo” foi palco da cerimônia de transmissão de cargo de Comandante de Operações Navais da Marinha do Brasil na manhã de 10 de janeiro, na Ilha das Cobras, no Centro do Rio de Janeiro. O Almirante-de-Esquadra Paulo Cezar de Quadros Küster substituiu o Almirante-de-Esquadra Sergio Roberto Fernandes dos Santos, que estava no cargo desde janeiro de 2016. A crise econômica que o país atravessa e que tem reflexo nas Forças marcou o tom de todos os discursos.
O Alm Esq Sergio Roberto Fernandes dos Santos, postado para receber o Comandante da Marinha do Brasil Alm Esq Leal Ferreira. Foto – Nelza Oliveira
“Não obstante as dificuldades que o nosso país e, consequentemente, a nossa Força vêm enfrentando, a Marinha, obedecendo a um criterioso e detalhado planejamento e, ainda, fruto do comprometimento, profissionalismo, competência e tenacidade do seu pessoal, tem sobrepujado os seus grandes desafios e dado continuidade a importantes projetos destinados à necessária e urgente modernização do seu poder naval”, afirmou o Almirante Fernandes, desejando um futuro promissor ao seu sucessor, que o substitui pela segunda vez em um cargo. A primeira foi como Comandante do 5º Distrito naval, em abril de 2012, na cidade de Rio Grande.
Durante a cerimônia, o Almirante Fernandes contou que estava também deixando a ativa após 45 anos, tendo sido designado agora para ocupar o cargo de Representante Permanente do Brasil junto à Organização Marítima Internacional (RPB-IMO), em Londres, Inglaterra.
O Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, enalteceu o trabalho desenvolvido pelo Almirante Fernandes durante o período no cargo.
“Teve atuação decisiva para que pudéssemos contornar os efeitos do período difícil por que passamos em que a idade avançada dos meios e as restrições orçamentárias nos exigiam elevado esforço, criatividade e um apurado estabelecimento de prioridades para assim atender as expectativas da nação e bem cumprir as tarefas atribuídas à Marinha”, disse o Almirante Leal Ferreira, que ainda citou as principais realizações do Almirante Fernandes no cargo como, por exemplo, a retomada de operações de adestramento da Força com a Dragão e a ADEREX, e de operação de bens que estavam parados em manutenção e reparo, além da garantia da segurança do Atlântico Sul e a realização de exercícios com as outras Forças (Exército e Força Aérea) e com Marinhas amigas.
“Cumprimos com nossa responsabilidade em operações de paz, contribuímos para o sucesso dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos 2016 e atendemos prontamente todos os chamados para a Garantia da Lei e da Ordem”, completou o Almirante Leal Ferreira.
O novo Comandante de Operações Navais Alm Esq Paulo Cezar de Quadros Küster(E) e o Comandante da Marinha do Brasil Alm Esq Leal Ferreira. Foto – Nelza Oliveira
O novo Comandante – Segundo a Marinha do Brasil, o Comando de Operações Navais foi criado em 1968 e tem a missão de empregar as Forças Navais, Aeronavais e Fuzileiros Navais para a defesa do Brasil, na garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem, além de cumprir atribuições subsidiárias previstas em Lei e em apoio à Política Externa do país. Em seu discurso no novo cargo, o Almirante de Esquadra Paulo Cezar de Quadros Küster falou das dificuldades que irá enfrentar, mas enfatizou que está confiante e preparado.
“O contexto econômico adverso onde os recursos não são mais pródigos como outrora, encontra-se em rápida evolução, trazendo muitas incertezas e inquietações, com reflexo sobre o nosso pessoal – patrimônio maior da Marinha – bem como no aprestamento de nossos meios, exigindo o emprego criterioso dos recursos alocados para atender os Programas de Adestramento e de Manutenção”, afirmou o Almirante Küster. “Se existe um grande desafio a ser enfrentado, há, também, a crença inabalável em sua superação, mediante redobrada motivação e muito trabalho”, acrescentou.
O Almirante Küster tem um extenso currículo na Marinha do Brasil, tendo sido Comandante da Aviso de Instrução “ Guarda-Marinha Brito”, da Corveta “Caboclo”, da Flotilha do Amazonas e do 1º e 5º Distritos Navais. Seu cargo anterior era de Diretor-Geral de Navegação.
A transmissão de cargo no “São Paulo” reuniu autoridades civis e militares e contou com salvas de tiros e desfile de helicópteros. Por sua representatividade como único porta-aviões da Esquadra, o local vem sido escolhido nos últimos anos como palco dessa cerimônia.
Mas o navio, que já contava com 37 anos de serviço ativo quando foi adquirido pela Marinha da França, em 2000, funcionou bem até 2005, quando sofreu um rompimento em uma tubulação de vapor, que causou mortes e ferimentos em tripulantes. Outro acidente com vítima fatal foi registrado em 2012.
Com diversos problemas, o porta-aviões precisa ser praticamente reconstruído em seus sistemas de máquinas para voltar a funcionar. A Marinha concluiu que o Programa de Modernização exigiria alto investimento financeiro e um longo período de conclusão. E, após diversas tentativas de recuperar a capacidade operativa do NAe “São Paulo”, decidiu pela sua desmobilização ao longo dos próximos três anos.
Sem o porta-aviões, a Marinha vai operar suas aeronaves a partir da Base Aérea Naval e de outras instalações de terra, e também por meio de treinamentos com marinhas amigas, até que receba um novo.
O novo Comandante de Operações Navais Alm Esq Paulo Cezar de Quadros Küster com amigos e colegas de turma Foto – Nelza Oliveira
O belo e imponente A-12 São Paulo
Algumas fotos do A-12 São Paulo tiradas pela correspondente Nelza Oliveira